A Revista Vazantes – Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC, convida propostas de artigos, ensaios, ensaios visuais, escritas experimentais, entrevistas, resenhas, experimentações artísticas, intervenções e demais formatos de contribuição bibliográfica e não-bibliográfica para seu novo número (Vazantes Vol. 2. N. 1; Abril de 2018).
Dossiê especial: Arte e Dizibilidade: quando toda palavra, tudo que é dito e não dito é abismo
Coeditora convidada: Galciani Neves.
PRAZO DE SUBMISSÃO: 01 de Março de 2018.
Sobre a Vazantes: http://periodicos.ufc.br/vazan
Vol. 1 N. 1: http://periodicos.ufc.br/vazan
Vol. 1 N. 2: http://periodicos.ufc.br/vazan
“rachar as coisas, rachar as palavras…” (G. Deleuze)
A escrita sempre foi um procedimento comum entre artistas. Diários, tratados, cartas, manifestos, textos teóricos, publicações, revistas e livros de artista. Desde Alberti e Leonardo, que escreveram as teorias talvez mais importantes do Renascimento, até a participação de Delacroix, Ingres, Manet e Cézanne nos debates críticos de seu tempo, com seus textos e obras; dos ensaios de Paul Klee às notas escritas por Duchamp, essenciais para relacionar-se com os pensamentos fundantes de seus trabalhos; de Yves Klein e suas reflexões acerca do imaterial na arte até os artistas minimalistas e conceituais que contrariaram a arte e a crítica formalistas com seus textos e entrevistas, identificamos uma profusa circulação de narrativas de processos de criação, de bases teórico-práticas de produções e pesquisas artísticas, escritos reflexivos sobre antecessores e contemporâneos por parte dos artistas, bem como suas inquietações acerca dos próprios trabalhos e do território artístico em geral.
Tais escrituras demonstram, entre muitos aspectos, questionamentos sobre o papel do artista; sua participação num contexto cultural e político; o que os artistas desejam constituir como obra ao público e como seus trabalhos se inserem no sistema da arte. Em muitos casos, contrários a intervenções consideradas alheias aos processos de produção artística, alguns artistas definiram-se “sem intermediários”. E durante as décadas de 1960 e 1970, num sentido mais pronunciado, textos escritos por artistas disseminaram muitas reflexões, ora discorrendo a partir de teorizações inerentes a seus próprios trabalhos, ora implementando esses textos/proposições como trabalhos e ainda apresentando críticas árduas ao sistema de legitimação da arte. A crescente presença da “escrita de artista” no campo alargado da arte vem obrigando novas adaptações por parte da crítica e reorganizando novas ontologias da obra. Por meio da palavra, o cultuado, mítico e aurático objeto artístico foi esfacelado, ao passo que um outro estatuto da arte como reflexão foi se desenvolvendo e se consolidando.
Com a expansão e fortalecimento da pesquisa de pós-graduação em artes, uma crescente atenção aos “modos de dizer” na arte adquire ainda mais força e relevância nas discussões em sala de aula, nos encontros de orientação, nos textos de dissertações e teses, mas também na própria produção escrita e reflexiva de artistas sobre suas próprias obras, bem como nos processos de criação visual que adquirem uma forma textual.
Na filosofia contemporânea, também a crítica da linguagem rompeu com o paradigma da representação e lançou mão de uma noção mais aguçada de materialidade linguística e da linguagem como ação, aproximando a escritura da realidade material e dos processos de criação de mundos. Como “ação” no mundo, a linguagem e o texto vêm-se deslocando da fixidez do significado dado a priori: a escrita tona-se significativa no próprio ato material e descontínuo de escrever-se. Em muitos casos, a questão passa a ser não mais “o que esta obra significa”, mas “o que esta obra faz” no mundo, que regimes de dizibilidade são ativados pela obra, que possibilidades sensíveis resta à escrita sobre a obra, mas também de que modo estas questões e preocupações mudam quando a própria obra visual é texto/textual. A partir dos complexos regimes de dizibilidade ativados pelas obras, portanto, o Dossiê Arte e Dizibilidade volta-se para a potência da escrita de devir obra, e para a potência da obra de devir escrita, diluindo dicotomias entre obra e texto, experiência sensível e escrita.
Convidamos assim artistas, pesquisadorxs, críticxs e escritorxs a submeterem artigos inéditos, ensaios, traduções, ensaios visuais, formatos de escrita experimental, entrevistas, resenhas, intervenções e experimentações artísticas, além de outros formatos (não citados nesta chamada) de contribuição bibliográfica e não-bibliográfica para o novo número da Revista Vazantes, de modo a explorar relações entre Arte e Dizibilidade.
O projeto editorial da Revista Vazantes, e esta edição em particular, propõe suas páginas como espaço para experimentação artística e para a divulgação do pensamento em artes através de ensaios e artigos inéditos. Acolhemos com especial interesse aquelxs pesquisadorxs que buscam expandir os limites do dizível, do pensável e do materializável.
Possíveis temas de interesse para este número incluem:
- Cadernos e livros de artistas
- Relações entre forma e força nas obras de arte
- Dramaturgias e etnografias experimentais
- Escrita performativa
- Prática artística como pesquisa
- Autobiografias (reais e fictícias) de artistas
- Crítica e criação epistolar
- Teorias do ato de fala como método de análise da obra
- Fictocrítica
- A palavra como matéria-prima, a palavra como visualidade, a palavra como experiência artística
- Cortes epistemológicos na pesquisa e na crítica artística
A Revista Vazantes é uma publicação semestral vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Artes, do Instituto de Cultura e Artes, da Universidade Federal do Ceará.
Normas de submissão de propostas: http://periodicos.ufc.br/vazan
Propostas, dúvidas e conversas sobre este número, favor endereçar para: revistavazantes@gmail.com
PRAZO FINAL PARA SUBMISSÃO: 01 de Março de 2018.
Equipe Editorial:
Pablo Assumpção (Coordenador Editorial)
Galciani Neves (Editora Convidada, Vazantes V. 2 N. 1)
Deisimer Gorczevski (Editora)
Patrícia de Lima Caetano (Editora)