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Notícias > 13.05.22

V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DAS ARTES E SEUS TERRITÓRIOS SENSÍVEIS | II SEMINÁRIO TEPe: ENCONTRO INTERNACIONAL DE PERFORMANCES EXPANDIDAS

V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DAS ARTES E SEUS TERRITÓRIOS SENSÍVEIS II SEMINÁRIO TEPe: ENCONTRO INTERNACIONAL DE PERFORMANCES EXPANDIDAS [17 a 21 de Maio de 2022] EXPANDIR A PAISAGEM, PRATICAR OS TERRITÓRIOS: ENCONTROS E TENSÕES Caminhadas, performances, palestras e mesas abertas O V Seminário Internacional das Artes e seus Territórios Sensíveis, evento já tradicional realizado pelo Programa […]

V SEMINÁRIO INTERNACIONAL DAS ARTES E SEUS TERRITÓRIOS SENSÍVEIS
II SEMINÁRIO TEPe: ENCONTRO INTERNACIONAL DE PERFORMANCES EXPANDIDAS

[17 a 21 de Maio de 2022]

EXPANDIR A PAISAGEM, PRATICAR OS TERRITÓRIOS: ENCONTROS E TENSÕES

Caminhadas, performances, palestras e mesas abertas

O V Seminário Internacional das Artes e seus Territórios Sensíveis, evento já tradicional realizado pelo Programa de Pós-graduação em Artes da UFC (PPGARTES-UFC) em caráter bienal desde 2012, acontece entre os dias 17 e 21 de maio de 2022, em parceria com o II Seminário TEPe: Encontro Internacional de Performances Expandidas. O Seminário Internacional, desde sua primeira edição, tem como meta fortalecer as redes de pesquisa em artes, em nível nacional e internacional, a partir da aproximação dos artistas docentes, discentes e egressos do PPGARTES-UFC com pesquisadores de ponta no campo das artes contemporâneas e de áreas afins. Em 2022, o PPGARTES – Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o TEPe – Technologically Expanded Performance uniram forças para realizar dois seminários internacionais em um único evento, dedicado a explorar os cruzamentos entre as artes, a cidade e os territórios físicos e existenciais a partir da performance, esmiuçada e multiplicada em investigações artísticas, teóricas e tecnológicas. “Expandir a paisagem, praticar os territórios: encontros e tensões” é o tema em torno do qual artistas e pesquisadores nacionais e internacionais entrarão em diálogo com o público cearense ao longo de cinco dias. O TEPe Brasil é um projeto de pesquisa dos Cursos de Dança do Instituto de Cultura e Arte da UFC em parceria com a Faculdade de Motricidade Humana (FMH), da Universidade de Lisboa (ULisboa). A pesquisa explora os cruzamentos bidirecionais entre arte e tecno-ciência, a partir do conceito agregador de performance, sobre dois vetores principais: investigação de sonoridades, e a pesquisa e a criação de micro-paisagens. Estes dois vetores cruzam-se a duas escalas – a do corpo e a da cidade – potencializadas por meio da investigação artística e tecnológica. A Funcap – Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo lado brasileiro, e a FCT – Fundação para Ciência e Tecnologia, pelo lado português, patrocinam esse projeto de pesquisa que já realizou diversos encontros remotos e duas residências presenciais na cidade de Lisboa. Neste ano, a parceria com o TEPe, faz o Seminário Internacional do PPGARTES-UFC retornar seu foco principal no conceito de território, mas de modo a permitir pensar a arte contemporânea e a própria imaginação como territórios para a prática ao mesmo tempo de pertencimento e de recusa, de encontros e tensões, de fabulação e modulação identitária, e de micropolíticas de resistência à brutalidade que assola nosso presente histórico, em sua incansável reencenação da violência patriarcal-colonial. O V Seminário Internacional das Artes e seus Territórios Sensíveis e o II Seminário TEPe: Encontro Internacional de Performances Expandidas acontecerá com uma só programação e simultaneamente em diversos locais, a saber: o Complexo do Dragão do Mar, Escola Porto Iracema da Artes, Biblioteca Pública Estadual do Ceará, Theatro José de Alencar, Cineteatro São Luiz, Farol do Mucuripe (em parceria com a Associação de Moradores do Titanzinho, a Comissão Titan e o Coletivo AudioVisual do Titanzinho), além das ruas de Fortaleza, que abrigarão diversas performances artísticas entre os dias 17 a 21 de maio de 2022.

[TODAS AS ATIVIDADES SERÃO GRATUITAS! - OS INGRESSOS SERÃO DISPONÍVEIS 30 MINUTOS ANTES]

PROGRAMAÇÃO

Dia 17/05, 3ª feira
Palestra: “A cultura do descarte: sociedade de consumo, meio ambiente e o futuro da humanidade” 

Local: Cineteatro São Luiz
18h30: Palestra de Ailton Krenak 

A ação é parte do Projeto Literário Diálogos Contemporâneos, promovido pela Associação dos Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), em parceria com o Cineteatro São Luiz. Acesso gratuito, mas assentos para os participantes do V Seminário Internacional e do II Seminário TEPe foram gentilmente reservados pelos organizadores do evento.

18/05, 4ª feira
Cortejo com Maracatu Solar
Local: Estátua do Dragão do Mar 
9h: Com Pingo de Fortaleza

O Maracatu SOLAR (Associação Cultural Solidariedade e Arte) foi fundado, institucionalmente, em 2006 como um programa de formação cultural continuada por um grupo de artistas da cultura popular da cidade. A associação SOLAR desenvolve programas nas áreas da formação, difusão, produção e assessoramento cultural, tendo como presidente o cantor e compositor Pingo de Fortaleza e na sua concepção rítmica o Griô Descartes Gadelha. O Maracatu SOLAR  tem como base formativa uma forte fundamentação histórica no universo cultural Afrobrasileiro e cearense e tem como objetivo servir de instrumento de formação de novos brincantes de Maracatu na cidade de Fortaleza.

Performance: “Encant’Aguas”
Ponto de Encontro da Ação: Cláudia Lanches. Rua Governador Sampaio, 50, Centro
10h30-12h: Thaís Gonçalves, Patrícia Caetano e Líria Morays. 
Criação de mapa coletivo: Jeovah Meireles
Dramaturgia: Juliana Rangel

Convidamos a uma travessia no tempo e no espaço por caminhos de fluxos de águas invisibilizadas no espaço urbano de Fortaleza. Esta ação performativa é inspirada nos percursos e ideias do engenheiro de minas português Luís Ribeiro (1955-2020), nas visitas guiadas do projeto TEPe, em 2019, quando nos mostrou uma colina de Lisboa cujos fluxos das águas eram absorvidos pelo solo e mantinham a diversidade da vida sobre a terra. Com as construções civis, o curso das águas foi interrompido e ela, a água, é acusada de provocar danos à vida urbana, alagando ruas e avenidas. Quem atrapalha o fluxo de quem? Propomos uma ativação sensorial por meio da evocação de memórias ancestrais das águas livres. Imagens, paisagens sonoras e experiências rituais são acionadas ao longo do percurso performativo que interliga quatro pontos do centro de Fortaleza: Beco da Gia, Paço Municipal, Catedral Metropolitana e Passeio Público. Cantos mitológicos e de lavadeiras, histórias e memórias locais, sons de natureza viva compõem a paisagem sonora da ação performativa. Memórias passadas e ações do presente (reais e imaginárias) se misturam numa travessia onírica, através da qual corporificamos figuras encantadas e seres mitológicos, evocando as águas de profundezas, de nascentes e de imensidão – mangues, riachos, lagoas e mar -, em um ritual de reencantamento e reavivamento dos fluxos aquíferos.

Líria Morays, Patricia Caetano e Thaís Gonçalves são artistas, pesquisadoras e professoras universitárias brasileiras no âmbito da dança que investigam a criação a partir de aspectos sensoriais e sonoros, estados corporais e improvisação nas suas relações entre corpo e ambientes naturais e urbanos. O processo de criação vem sendo realizado em colaboração poética com a professora universitária e pesquisadora Juliana Rangel, que investiga poéticas do corpo-voz e dramaturgias da cena. Compõem ainda a equipe: Ruth Aragão (vestíveis), Rodrigo Fernandes (mixagem de áudios), Erwin Schrader (arranjo musical), Mariana Rhormens  e Milton Jesus (audiovisual), Carla Cíntia Dutra (identidade visual) e Lucas Campos (design gráfico).

[Almoço: 12h às 14h]

Abertura:
Local: Auditório do Dragão do Mar
14h-14h30: Daniel Tércio, Leonel Brum e Pablo Assumpção 

Daniel Tércio  
Bacharel em Filosofia e Licenciado em Belas Artes, pós-graduado em História da Arte e Doutor em Motricidade Humana, Dança. É Professor Associado aposentado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e investigador do INET-md, Instituto de Etnomusicologia – centro de estudos em música e dança. Como membro da direção, coordena a secção do INET-md da Faculdade de Motricidade Humana, liderando o grupo de Estudos da Dança. Publicou mais de 20 artigos em periódicos especializados, como Performance Research (UK) e Repertório (Brasil). É autor de vários capítulos de livros, alguns dos quais em volumes publicados por editoras de prestígio como Peter Lang e SAGE. Como investigador principal coordenou o projecto “Dança Tecnologicamente Expandida” (TEDance) e actualmente coordena dois projectos: “Terpsicore”, um arquivo sobre dança e artes performativas, e o projecto financiado pela FCT “Performance Tecnologicamente Expandida” (TEPe), este em parceria com a Universidade Federal Brasileira do Ceará. Também liderou dois projetos de intercâmbio com Universidades francesas. É autor de dois romances de ficção científica e de vários contos publicados por editoras portuguesas e brasileiras. Como crítico, os seus textos sobre dança aparecem regularmente na imprensa portuguesa desde 2004. Atualmente, os seus interesses vão da estética e história da dança aos estudos culturais, iconografia, tecnologias digitais e estudos da cidade.

Leonel Brum
É diretor artístico do festival dança em foco – Festival Internacional de Vídeo & Dança. Membro fundador da Rede Ibero-Americana de Videodança (REDIV). É doutor em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EBA/UFRJ). É professor dos cursos de Graduação em Dança do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (ICA/UFC). É coordenador do projeto TEPe: Technologically Expanded Performance (UFC e Ulisboa) e do Midiadança: laboratório de dança e multimídia da UFC.

Pablo Assumpção
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Artes do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará; Docente dos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Dança do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará. Tem experiência e produção científica na área de Estudos da Performance, com ênfase em teorias do corpo, etnografia experimental, atuando principalmente a partir dos seguintes temas: performance e performatividade de gênero e da sexualidade, a cidade no corpo e o corpo na cidade, erotismo, cultura popular, estudos da curadoria, escrita performativa. Coordena o grupo de pesquisa PoPe – Poéticas da Performatividade e é membro pesquisador do grupo Concepções Filosóficas do Corpo em Cena (CNPq). Professor Visitante da New York University (NYU) em 2017. Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (1999); mestrado em Estudos da Performance pela New York University (2002); mestrado em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP (2006); e doutorado em Estudos da Performance pela New York University (2013).

Conferência: “Quem Tem Medo das Emoções? Afectos e Pandemia”
Local: Auditório do Dragão do Mar
14h30-16h: Ana Pais

A pandemia Covid 19 provocou um choque emocional em todo o mundo, convulsionando a vida como a conhecíamos e contaminando a nossa experiência íntima. Ainda não falámos o bastante sobre ela. Ainda não ganhámos uma maior consciência colectiva sobre como a nossa vida privada é determinada por condicionantes políticas, mediáticas, sociais ou culturais alimentadas por sentimentos públicos, atmosferas afectivas que texturam momentos históricos. De que modo as artes cénicas estão mudando face a esta experiência, como os desejos e as urgências se reorganizaram e como reconfiguram uma nova imaginação de outros mundos de afectos?

Ana Pais
Pesquisadora em artes cénicas (Centro Estudos de Teatro, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), dramaturgista e curadora. É autora do livro O Discurso da Cumplicidade. Dramaturgias Contemporâneas (Colibri 2004), Ritmos Afectivos nas Artes Performativas (Colibri 2018) e Quem tem medo das emoções? (2022§). Organizou ainda a antologia Performance na Esfera Pública (2017, Orfeu Negro) e a sua versão em inglês disponível para download gratuito em www.performativa.pt. Foi crítica de teatro nos jornais portugueses Público (2003) e no Expresso (2004). Como dramaturgista, colaborou com criadores de teatro e dança em Portugal (João Brites, Tiago Rodrigues, Sara de Castro, Rui Horta e Miguel Pereira) e, como curadora, concebeu, coordenou e produziu vários eventos de curadoria discursiva, dos quais destaca o Projecto P! Performance na Esfera Pública (Lisboa, 10-14 Abril 2017) e Em Fluxo: sentimentos públicos e práticas de reconhecimento (Lisboa, 3-5 Abril 2019). Documentação sobre estes dois eventos disponível aqui: www.performativa.pt.

[Intervalo: 16h às 16h30]

Mesa Aberta:
Local: Biblioteca Pública Estadual do Ceará
16h30-18h: Artes performativas, crítica e mídia
Ativadores: Daniel Tércio, Ana Pais, Sofia Soromenho, Fran Teixeira e Hector Briones

Abandonada que está a ilusão de uma crítica normativa, que pretendia regular a relação do artista com a obra, ultrapassada também a miragem de uma crítica explicativa, centrada na recepção da obra, o que resta à crítica das artes performativas? Que função deve a crítica de artes performativas desempenhar e que relação pode estabelecer com a comunidade dos criadores e performers? Como é que o pensamento crítico participa na identificação do território da performance?

Esta mesa aberta é uma oportunidade para discutir a questão das artes performativas enquanto método de pensamento e de ação. Paralelamente, serão consideradas as plataformas e a extensão da prática da crítica – nos jornais, nos social media, nos blogs. Quais as mudanças que isso implica?

Daniel Tércio
Bacharel em Filosofia e Licenciado em Belas Artes, pós-graduado em História da Arte e Doutor em Motricidade Humana, Dança. É Professor Associado aposentado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e investigador do INET-md, Instituto de Etnomusicologia – centro de estudos em música e dança. Como membro da direção, coordena a secção do INET-md da Faculdade de Motricidade Humana, liderando o grupo de Estudos da Dança. Publicou mais de 20 artigos em periódicos especializados, como Performance Research (UK) e Repertório (Brasil). É autor de vários capítulos de livros, alguns dos quais em volumes publicados por editoras de prestígio como Peter Lang e SAGE. Como investigador principal coordenou o projecto “Dança Tecnologicamente Expandida” (TEDance) e actualmente coordena dois projectos: “Terpsicore”, um arquivo sobre dança e artes performativas, e o projecto financiado pela FCT “Performance Tecnologicamente Expandida” (TEPe), este em parceria com a Universidade Federal Brasileira do Ceará. Também liderou dois projetos de intercâmbio com Universidades francesas. É autor de dois romances de ficção científica e de vários contos publicados por editoras portuguesas e brasileiras. Como crítico, os seus textos sobre dança aparecem regularmente na imprensa portuguesa desde 2004. Atualmente, os seus interesses vão da estética e história da dança aos estudos culturais, iconografia, tecnologias digitais e estudos da cidade.

Ana Pais
Pesquisadora em artes cênicas (Centro Estudos de Teatro, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), dramaturgista e curadora. É autora do livro O Discurso da Cumplicidade. Dramaturgias Contemporâneas (Colibri 2004), Ritmos Afectivos nas Artes Performativas (Colibri 2018) e Quem tem medo das emoções? (2022§). Organizou ainda a antologia Performance na Esfera Pública (2017, Orfeu Negro) e a sua versão em inglês disponível para download gratuito em www.performativa.pt. Foi crítica de teatro nos jornais portugueses Público (2003) e no Expresso (2004). Como dramaturgista, colaborou com criadores de teatro e dança em Portugal (João Brites, Tiago Rodrigues, Sara de Castro, Rui Horta e Miguel Pereira) e, como curadora, concebeu, coordenou e produziu vários eventos de curadoria discursiva, dos quais destaca o Projecto P! Performance na Esfera Pública (Lisboa, 10-14 Abril 2017) e Em Fluxo: sentimentos públicos e práticas de reconhecimento (Lisboa, 3-5 Abril 2019). Documentação sobre estes dois eventos disponível aqui: www.performativa.pt.

Sofia Soromenho
Atualmente é doutoranda na FMH na especialidade de Dança. Mestrado em Performance Artística/Dança pela FMH e Bacharelado em Dança/Espectáculo pela Escola Superior de Dança (IPL). Foi bolsista (BGCT) no INET-md entre 2019-21. Colabora com o Jornal de Letras como crítica de Dança desde 2013. Foi docente na ESTAL (2012-17). Trabalhou como intérprete com diferentes coreógrafos independentes e entre 2012 e 2017 foi intérprete da CIM em Edge. Como coreógrafa destaca 2º Parágrafo (2015). Colabora com artistas visuais na área da performance, nomeadamente com Fiumani.

Fran Teixeira
Encenadora e artista do Teatro Máquina (Fortaleza-CE), é professora da Licenciatura em Teatro do IFCE, do Mestrado em Artes do ICA-UFC e do Mestrado Profissional em Artes do IFCE. Em sua pesquisa é central a poética brechtiana, seus modelos de encenação e a dramaturgia das peças didáticas. Investiga processos criativos em teatro de grupo nas interfaces dramaturgia e encenação. Lidera o grupo de pesquisa Drama, dramaturgia, cena: questões contemporâneas (CNPq/IFCE) e participa do Grupo Dramatis – Dramaturgia: mídias, teoria, crítica e criação (CNPq/UFBA). É de sua autoria o livro Prazer e crítica: o conceito de diversão no teatro de Bertolt Brecht (Annablume, São Paulo: 2003). Em 2020, com o Teatro Máquina, publica Sete Estrelas do Grande Carro, livro sobre uma viagem de pesquisa e criação do grupo.

Hector Briones
Professor do Curso de Teatro-Licenciatura e do Mestrado em Artes do ICA-UFC (PPGARTES-UFC), atualmente também coordena o Mestrado Profissional em Artes (PROFARTES do ICA-UFC). Sua investigação acadêmica-artística se debruça nos processos da arte teatral, da atuação e da encenação, com ênfase na espacialidade cênica, nos seus alcances corpóreos e imagéticos como força poético-política. Também é pesquisador e professor teatral da cena contemporânea, com foco na história do teatro e nas teorias da cena: Teatro Ocidental do século XX e Teatro Latino-americano contemporâneo. Coordena o grupo de pesquisa LAB-CENAs (Laboratório de investigação em poéticas e políticas do corpo da cena.), no qual atualmente desenvolve o Projeto de Pesquisa, “DOS TEMPOS DA/NA CENA: entre cena, tecnologia e alegoria”. Além de produções cênico-teatrais, conta com publicações acerca de processos criativos em teatro e sobre a cena latino-americana contemporânea.

Performance: RESTO: em (re)aparecimento místico 
Local: Biblioteca Pública Estadual do Ceará (porta dos fundos)
18h15:  Daniela Guimarães (UFBA)

[Fechem os olhos e peçam alguém para ler ]

Lembro-me das histórias. Nas vísceras. Posso guardá-las. Na coluna vertebral, pilar, minha estrutura, minha negociação com a gravidade. Minha casa maior. Toco com os olhos. Você cai. Latente. Órgãos em líquido quente. Respiração ofegante. Preciso sair do chão. Preciso voar. Não me deixam. Não me deixo. Distração. Não banalizar, acreditar que para toda proposta haverá uma saída. Várias saídas. A porta. As janelas. O mergulho no rio. O mar. Sair para a cena. Sair de cena. São sempre saídas. Nunca entramos e não nos aprontamos para nada. Saímos para lutar. Somos. Luta. A sabedoria está em deixar o mundo se abrir diante dos sentidos. Cartas viradas. Opções de frente. Escolhas com coragem. Para improvisar é preciso fé. Ilhas de fé. Estamos sós. Solo em duos e trios. Saio do meu ponto, provoco o outro a ceder. Escambo. Improvisar é trabalho. É. Improvisar dá um trabalho danado. Silêncio. Pausa. Camadas. Signos. Texturas. Sobreposições. Colagens. Selecionar e compor como desejar. Devemos sair, deixar no espaço: o espaço. Sou público também. E privado, ainda sou? Agora suporte. Um observador ativo. Pronto. Disposto a escutar. Quando a imagem surgir como mágica e sentirmos verdade, devemos seguir, mesmo que no próximo segundo essa escolha possa sumir. E outra. E outra. E outras, sublimes, virão. Improvisar é construir pontes ao restar-se vivo. Sendo, misticamente, um re-aparecer em fogo e festa.

Daniela Guimarães
(Universidade Federal da Bahia – UFBA – Brasil)  é Bailarina, Improvisadora, Coreógrafa, Cineasta. Docente Escola de Dança, PPGDANÇA e PRODAN (UFBA). Líder CORPOLUMEN: Redes de estudos de corpo, imagem e criação em Dança. Diretora GDC – Grupo de Dança Contemporânea da UFBA (2017/19) com o projeto “Trilogia do sonhar” com as obras cênicas “ Só não me acorde antes”, “ Com o que sonhamos.?.? e o curta-metragem “ Ruínas”. Diretora e bailarina da Cia Ormeo/Minas Gerais/Brasil (2003/2013). Residências artísticas 2019, Westmore Farm, Lisa Nelson e Steve Paxton, Vermont/ EUA e Pina Bausch TanzTheater, Wuppertall/ Alemanha. Colaboradora TEPe (2019/21) e coreógrafa Balé Teatro Castro Alves, BR: 2021. Em 2021, cria o filme cênico “RESTO: no tempo, no silêncio na escuta” para a Bienal do Ceará – De par em par junto ao Projeto TEPe 2019/ 2021 (Brasil/Portugal) e trabalha como coreógrafa no BTCA – Balé Teatro Castro Alves no doc-dança “A cidade que habita em mim”, 40 anos do BTCA.

Instagram: @danidaniguimaraes2 | @corpolumen
www.corpolumen.com 
www.vimeo.com/daniguimaraes 

Ficha Técnica 
Direção e Performance (Improvisação Cênica em tempo-real): Daniela Guimarães /BR
Direção Musical: Helinho Medeiros/ BR
Paisagem Sonora: Composições de Helinho Medeiros /BR, João Madeira/ PT e Lucas de Gal/ BR
Playlist: Daniela Guimarães/ BR
Duração: 40 a 60 minutos

Dia 19/05, 5ª feira
Conferência:  “Nós aqui entre o céu e a terra”
Local: Auditório do Porto Iracema das Artes
10h-11h30: Eleonora Fabião

Conferência sobre o trabalho “Nós aqui entre o céu e a terra” (2021), de Eleonora Fabião e colaboradores, comissionado pela 34a Bienal de São Paulo.

Eleonora Fabião
Performer e teórica da performance. Realiza ações, exposições, palestras, leciona e publica internacionalmente. Trabalha com matérias diversas – humanas e outras-que-humanas, visíveis e invisíveis, leves e pesadas, estético-políticas. Coisas que precisam ser feitas (Performa NY, 2015) é o título de um trabalho e, também, um modo de referir-se à prática. Professora da Escola de Comunicação, UFRJ – Graduação em Direção Teatral e Pós-graduação em Artes da Cena. Coordenadora do Curso de Direção Teatral. Doutora e Mestre em Estudos da Performance (New York University) e Mestre em História Social da Cultura (PUC-Rio). Pesquisadora CNPq-nível 2.

[INTERVALO 11h30-14h]

Conferência: Políticas do Lugar
Local: Teatro Dragão do Mar
14h-15h30: Thereza Rocha e Francis Wilker

Em obras interventivas recentes, a pele da cidade compõe com as tormentas que se anunciam nos processos de criação. Treme. São perguntas  sobre o lugar e nossos modos de praticá-los que embaralham os fluxos, os sentidos e agem no contexto. Entre o chão e a história, entre o presente e o porvir: o encontro entre corpo e espaço é Política.

Thereza Rocha
Pesquisadora de dança e artes da cena, diretora e dramaturgista de processos de criação. Doutora em Artes Cênicas pela UNIRIO. Mestre em Comunicação e Cultura pela ECO|UFRJ. Professora dos cursos de graduação em Dança e do Programa de Pós-graduação em Artes| PPGARTES da Universidade Federal do Ceará. Autora do livro O que é dança contemporânea? (Conexões Criativas, 2016). Coautora do livro Diálogo|Dança (SENAC, 2012), junto com Márcia Tiburi.

Francis Wilker
Diretor teatral, pesquisador, curador e, desde 2017, professor efetivo do curso de licenciatura em Teatro do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (ICA/UFC). Professor permanente do Programa de Pós Graduação em Artes do ICA-UFC é professor colaborador do Mestrado profissional em Artes do IFCE. Doutor e Mestre em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Líder do grupo de pesquisa Horizontes da Encenação, cadastrado no CNPq. É um dos fundadores e diretores do grupo brasiliense Teatro do Concreto. Publicou em 2018 o livro Encenação no Espaço Urbano (Editora Horizonte). Já colaborou com o Festival Internacional de Teatro de Brasília – Cena Contemporânea (DF); Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia -FIAC-BA (BA) e a MITbr – Plataforma de Internacionalização das artes cênicas brasileiras da MITsp. Configura seu campo de interesse temas como encenação contemporânea, pedagogia do teatro e as relações entre arte, paisagem e espaço urbano.

[INTERVALO: 15h30 a 16h]

Aula aberta: Jogos para dançar 
Local: Porto Iracema das Artes
16h-17h30: Ana Mundim e Líria Morays (Mulheres na Improvisação) -  lançamento de livro

A presente ação visa explorar as cartas do Livro para Dançar- Cartas para Improvisar e Compor, escrito pelas Mulheres da Improvisação. Em um primeiro momento a proposta consistirá no convite aos/às participantes para acessar, por meio de grupos, um conjunto de cartas com indicações para improvisação, a partir de distintos estímulos. Em um segundo momento, os grupos experenciarão essas proposições, de forma prática. E, por último, haverá um reencontro de todos os grupos para trocar impressões sobre as vivências.

Pré-lançamento do Livro para Dançar – Cartas para improvisar e compor

Será pré-lançado o Livro para Dançar, publicado pelas Mulheres da Improvisação no ano de 2022. A publicação é uma criação coletiva das Mulheres da Improvisação, voltada para quem estuda, pesquisa ou cria nas áreas de dança, teatro, artes visuais, cinema, circo, etc., bem para o público interessado em geral.

São diferentes instruções para iniciar um trabalho corporal; jogos de improvisação; e propostas para improvisar, compor e realizar intervenções performáticas em espaços públicos. Cada uma das 7 mulheres oferece 7 cartas, sendo uma delas a “carta-coringa”, que orienta diferentes formas de usar e combinar as cartas.

A MI – Mulheres da Improvisação é uma conexão entre artistas-pesquisadoras, que reflete sobre percepção, interação e criação de danças em diversos contextos e espaços com diferentes características. São conectados diversos campos do conhecimento e do fazer artístico, tais como dança, música, filosofia, performance, mídia arte, teatro, Desde a abertura em 2020, várias ações performativas têm sido realizadas em eventos acadêmicos e artísticos.

Participam do Livro de Dançar – Cartas para Improvisar e Compor 7 pesquisadoras de diferentes cidades: Ana Mundim (Fortaleza), Carolina Natal (Rio de Janeiro), Lígia Tourinho (Rio de Janeiro), Ivani Santana (Salvador), Líria Morays (João Pessoa), Roberta Ramos (Recife) e Tania Marin Perez (Montevidéu).

Ana Mundim
Multiartista, docente dos cursos de Graduação em dança e Pós Graduação em Artes da Universidade Federal do Ceará. Curiosa e irrequieta. Amante do movimento, da natureza e dos encontros. Sonha com um mundo mais justo, acredita no poder da coletividade, cria a partir da sutilidade feminina, pesquisa corpoespaço. Bacharel e Licenciada em Dança, Mestre em Artes e Doutora em Artes pela Universidade Estadual de Campinas, com estágio de doutorado na Universitát Autónoma de Barcelona. Realizou estágio Pós Doutoral em Artes pela Universitát de Barcelona, onde ministrou aulas com Jorge Larrosa Bondía. Realizou a Pós Graduação Lato Sensu A Natureza que somos. Coordena o grupo de pesquisa Dramaturgia do Corpoespaço, o projeto de extensão Temporal – encontros de improvisação e composição em tempo real, o projeto PID Respiração e(m) movimento e o projeto PAIP Aproximações: espaços de acolhimento, interação e difusão. Desde 2016 tem colaborado com o grupo de pesquisa Data Science for the Digital Society (Universitát Ramon Llul / CERN), desenvolvendo uma pesquisa na interação entre Arte e Ciência, com colaboração do físico Xavier Vilassis. Integra o Bando – grupo de estudos em improvisação e grupo Mulheres da Improvisação.

Líria Morays
Artista, professora e pesquisadora em Dança. Doutora em Artes Cênicas pelo PPGAC-UFBA. Professora adjunta do Departamento de Artes Cênicas da UFPB. Mestre e Especialista em Dança pelo PPGDança-UFBA. Licenciada em Dança pela UFBA. Professora do Mestrado Profissional em Rede em Artes da UFPB. Coordenadora do Grupo de pesquisa Radar 1- Grupo de Improvisação em Dança. Integra o Bando – grupo de estudos em improvisação e a conexão Mulheres da Improvisação.

Conversa Performativa: Bonito pra Chover 
Local: Porto Iracema das Artes 
18h-19h: Allan Diniz, Fabiano Veríssimo, Levy Mota, Márcio Medeiros e Paulo José

Três bailarinos, um fotógrafo e um videomaker refazem o percurso da linha férrea que passava pelos campos de concentração do Ceará (Brasil), onde milhares de pessoas foram encarceradas, em péssimas condições sanitárias, ou mortas durante as secas de 1915 e 1932.

Crato, Cariús, Senador Pompeu e Quixeramobim são cidades-chave do interior cearense que se conectavam à capital litorânea Fortaleza através da linha férrea que, à época, funcionava para o transporte de passageiros. Por este motivo, nos períodos das secas históricas, dezenas de milhares de camponeses de diversas partes do estado lotavam as estações de trem na esperança de chegar à capital, conseguir emprego e salvar-se da morte decretada pela seca infindável. No entanto, estas populações sertanejas não se enquadravam, na visão estatal, ao desejo de futuro à moda parisiense “belle epoque” que se tinha para Fortaleza.

Para evitar que esses milhares de pretos, pardos, indígenas – em corpos magérrimos, vestindo farrapos, calçando sandálias quando muito – chegassem à capital, o Estado instalou naquelas cidades-chave e na periferia de Fortaleza enormes estruturas de cercamento. Estes lugares, chamados pelos jornais de “campos de concentração” e pela população de “currais grandes” ou “currais do governo”, não tinham a mínima estrutura que garantisse a saúde e a dignidade das pessoas ali encarceradas. O povo era interceptado nos trens e nas estações e levado aos campos sob a promessa de receber alimento e ter um teto sobre suas cabeças. Tomando apenas os dados relativos à seca de 1932, mais de 70.000 pessoas foram aprisionadas nestes locais, incluindo milhares de crianças.

Partindo de Fortaleza, os artistas inverteram o percurso dos “flagelados” e foram aos municípios que abrigaram os campos de concentração. As viagens, o encontro e as conversas com o povo daquelas cidades, as visitas aos sítios históricos onde foram instalados os “currais do governo”, a participação em pequenos e grandes eventos religiosos em memória dos que morreram naqueles locais, proporcionaram a realização de pesquisa coreográfica, cênica, dramatúrgica, fotográfica e audiovisual, incluindo registros documentais feitos pelos artistas. A travessia dançada e revivida nos leva a uma experiência histórica, imersiva e sensível.

“Bonito pra chover” é uma expressão utilizada popularmente pelo povo sertanejo e diz de um céu gris, de quando o tempo está nublado, carregado de nuvens, avisando que a chuva virá como um sinal de esperança. A instalação remonta memórias populares das chuvas e das secas no sertão do Ceará (Brasil), e levanta questões sócio-político-ambientais acerca da água e sua gestão, dos movimentos migratórios em massa, de religiosidade, crises climáticas e políticas genocidas.

“Bonito pra chover” conta com imagens produzidas pelos fotógrafos Allan Diniz e Levy Mota, a partir da viagem realizada em 2019 com os bailarinos Fabiano Veríssimo, Márcio Medeiros e Paulo José. Além de fotografias emolduradas e em lambe-lambe, compõe a exposição um videodança premiado pela produtora “El ojo del Babel” e pelo Festival VideodanzaBa (Argentina), instalado sob uma tenda de lona plástica precária – não mais servindo a uma necropolítica de encarceramento em massa, mas justamente para lembrarmos do que jamais deve se repetir.

Allan Diniz (UFC)
Artista audiovisual, fotógrafo e jornalista. Mestre em Comunicação – Fotografia e Audiovisual (UFC-Brasil), especialista em Linguagens e Mídias Digitais (Uni7-Brasil) com graduação em Comunicação (Unifor-Brasil). Atua internacionalmente como profissional freelancer conectando as áreas da comunicação, artes e tecnologia por meio de trabalho e pesquisa em audiovisual e fotografia.

Levy Mota
Mestre em Artes pela UFC (Brasil), é ator de teatro e, desde 2007, se dedica à fotografia da cena das artes vivas, já tendo trabalhado com/para dezenas de cias de teatro, dança e circo. No audiovisual, também atua como still, câmera e editor. Mais em www.cargocollective.com/levymota 

Paulo José 
Licenciado em Teatro pelo Instituto Federal do Ceará, técnico em Dança, Modelagem e Costura pelo Senac, trabalha com arte e educação desde 1999 na cidade de Fortaleza e interior do Estado, participando de grupos e coletivos como colaborador, e é sócio fundador da Artelaria Produções.

Márcio Medeiros
Educador, Ator, Bailarino, Preparador corporal, Produtor, Professor de geografia, de teatro e de Dança contemporânea. Sua formação nas artes cênicas começa no ano de 1993, com o curso princípios básicos de teatro em Maranguape. Desde lá, tem feitos muitos cursos e oficinas e residências de formação pelo Brasil e exterior. Integrante do grupo Teatro Máquina desde 2004 e integra também a cia da arte andanças, como bailarino contemporâneo. Em 2014 foi professor do curso de Belas Artes da Unifor. 2017 foi professor de dança do CIDC (curso de iniciação a dança contemporânea ). 2018 ministra o modulo de dança contemporânea no curso técnico de dança do Porto Iracema das Artes. Em 2019, participa da Bienal Internacional de Dança do Ceará com o espetáculo “Tempo da paixão ou o desejo é um lago azul” da Cia da Arte Andanças e da mostra MOVIMENTARCE, que ocorrer dentro da Bienal de dança,  com o espetáculo “Desespero para a felicidade ou se eu não gostar nada é para sempre”. Tem o projeto “Bonito pra chover” selecionado para o Laboratório de Dança do Porto Iracema das Artes

Fabiano Veríssimo
Formado na III Turma do Curso Técnico em Dança (IACC/SENAC/SECULTCE), licenciando em Teatro pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, artista do Teatro Máquina e produtor do Hub Cultural do Ceará.

Dia 20/05, 6ª feira
Conferência: Territórios da memória e da corporeidade
Local: Auditório Porto Iracema
9h30-10h45: Merremii Karão Jaguaribaras (“Plantando memória”), Emyle Daltro + Antonio Layton (“Conferências Dançantes”)
Mediação: Leonel Brum 

Nossa conferência apresenta o projeto de pesquisa artística e extensão “Conferências Dançantes – movidas pela interculturalidade crítica”, uma iniciativa do Coletivo Areia: pesquisa artística e criação em/com dança, vinculado aos Cursos de Graduação em Dança da Universidade Federal do Ceará (UFC). Compreendemos como “conferência dançante” a apresentação realizada por uma pessoa ou grupo, em que o público é convidado a intervir livremente, tornando a conferência um processo de composição coletiva, uma vez que o público é convidado a improvisar a partir de como é afetado pela fala do/a/e conferencista, e a própria fala do/a/e conferencista é modificada pelas intervenções do público. A noção de conferência dançante nos interessa por vários motivos, um porque aproxima público e conferencista numa produção coletiva de linguagem, o que nos remete a modos de fazer de poéticas afro-brasileiras e indígenas, reconfigurando o lugar de conferencistas e espectadores. Reconfigura também a noção hegemônica de conhecimento e de como produzi-lo, pois subvertemos, por exemplo, regimes de atenção que primam pelo foco, pelo pensamento objetivo, pela lógica cartesiana e utilitarista e apostamos nos funcionamentos de uma atenção flutuante, aberta e concentrada; na possibilidade de intervenção do público durante a apresentação do/da conferencista; na improvisação em dança em tempo real e no discurso que se tece com movimentos corporais, imagens, sonoridades, falas desconexas, falas poéticas, canções etc., além das palavras escritas previamente preparadas e que são lidas ou servem de base para o/a conferencista. A interculturalidade crítica (WALSH, 2009), que move o projeto, tem um significado fortemente ligado a um projeto social, cultural, educacional, político, ético e epistêmico em direção à decolonialidade que pode nos conduzir a um mundo mais justo.

Merremii Karão Jaguaribaras
Agricultora, Militante Indígena, Contista, Poetisa, Ambientalista, Artista Visual. Graduanda em Sociologia pela Unilab-CE, e Graduanda em Serviço Social pela Anhanguera – UNIDERP – Centro de Educação à Distância-CEAD, Membro do Grupo Tamain-artistas indígenas-CE.

Emyle Daltro
Artista da dança, professora e pesquisadora nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Dança da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutora em Arte pela Universidade de Brasília (UnB); Mestra em Estudos de Cultura Contemporânea pela UFMT. Coordenou o projeto de pesquisa Arte, decolonialidade e invenção (2016-2019) e o projeto de extensão Grande Roda: africanidades, ancestralidades e interculturalidade em movimentos (2017-2018). Co-coordenou o Grupo de Pesquisa Sonoridades Múltiplas, junto com Consiglia Latorre, trabalhando improvisação e composição em música e dança (2018-2019). Atualmente é coordenadora dos Estágios do Bacharelado e da Licenciatura em Dança (UFC), coordena também o Coletivo Areia: pesquisa artística e criação em/com Dança (CNPq). É pesquisadora do Observatório e Laboratório de Pesquisa Artística: performance, criação e cultura contemporânea na América Latina (UFMT).

Antonio Layton Souza Maia
Mestre em Artes pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor temporário da licenciatura em Artes Visuais da Universidade Estadual do Ceará (UECE – Campus Avançado de Mombaça). Doutorando em Artes Visuais (PPGAV / UFRJ) e licenciando em Artes Visuais (Universidade Estácio de Sá). Professor e improvisador, atua desde 2014 em projetos de improvisação em dança e música. Desde 2020, integra o Coletivo Areia: pesquisa artística e criação em/com dança e, desde 2016, faz parte do Coletivo Insopitáveis, grupo de escritores de diversas regiões do Brasil que, anualmente, publica coletâneas de ensaios em redor da escrita experimental e da estética da existência.

[10h45-11h15: Intervalo]

Conferência: Territórios políticos e imaginativos na arte
Local: Auditório Porto Iracema
11h15-12h30: Cíntia Guedes, Luciara Ribeiro (“Bienal de São Paulo e os modernismos africanos (1951-1961)”)
Mediação: Lucas Dilacerda

Cíntia Guedes 
Doutora em Comunicação pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com ênfase em relações raciais, colonialidade do poder e produção de subjetividade. Mestra pelo Programa Multidisciplinar em Cultura e Sociedade (CAPES/UFBA) na linha de pesquisa Cultura e Identidade, com ênfase em cinema, estética, diversidade de gênero e sexualidade. Graduada em Comunicação com habilitação em Produção em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal da Bahia. Professora Adjunta A/1 da Universidade Federal da Bahia, área de concentração Perspectivas Afrodiaspóricas nas Artes. Realiza ações multidisciplinares no campo da arte contemporânea. Suas abordagens mais recorrentes são sobre memória, corpo e produção de subjetividades desde perspectivas anticoloniais e anti-racistas.

Luciara Ribeiro 
Educadora, pesquisadora e curadora. Interessa-se por questões relacionadas a descolonização da educação e das artes e pelo estudo das artes não ocidentais, em especial as africanas, afro-brasileiras e ameríndias. É mestra em História da Arte pela Universidade de Salamanca (USAL, Espanha, 2018), onde foi bolsista da Fundación Carolina, e pelo Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP, 2019), onde foi bolsista CAPES. É graduada em História da Arte pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP, 2014) com intercâmbio na Universidade de Salamanca (USAL, Espanha, 2012). É técnica em Museologia pela Escola Técnica Estadual de São Paulo (ETEC, 2015). Atualmente é docente no Departamento de Artes da Faculdade Santa Marcelina.

Lucas Dilacerda
Curador e pesquisador em artes. Graduado (Licenciatura e Bacharelado) em Filosofia, com distinção Summa Cum Laude, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Especialista em Filosofia Clínica, pelo Instituto Packter, Mestre em Filosofia, com ênfase em Estética e Filosofia da Arte, pelo Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFC, e Mestrando em Artes, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da UFC. É coordenador do LEFA – Laboratório de Estética e Filosofia da Arte, e é monitor de Curadoria e Crítica de Arte, no Curso de Extensão em Curadoria de Exposição, do MAUC – Museu de Arte da UFC. Foi pesquisador do Núcleo de Pesquisa do MAC – Museu de Arte Contemporânea do Ceará. Foi integrante do Laboratório de Artes Visuais, do Porto Iracema das Artes. Foi orientador no Laboratório Reticências de Criação, acompanhando o processo de artistas contemporâneos. Foi curador das exposições “Arre_mate”, “Soteramento” e “Decomposição”, e compôs a equipe curatorial das exposições “A casa, o doce e baobá”, no Minimuseu Firmeza; e “Ant_ Corpo”, na Galeria Sem Título Arte.

[Almoço: 12h30-14h]

Mesa aberta: Textos e tessituras
Local: Biblioteca Pública Estadual do Ceará
14h-15h30: proposta editores do livro TEPe: extratos de textos
Rui Antunes, Beatriz Cerbino, Joana Braga, Paulo Caldas

Rui Antunes
Artista Visual, académico, e investigador em animação. Investigador pós-doutorado do projecto financiado pela FCT Technologically Expanded Performance no INET-md | Faculdade de Motricidade Humana, em Portugal (PTDC/ART-PER/31263/2017). Investigador principal do projecto de investigação também financiado pela FCT, Dança Fantasmagórica: Uma metodologia de análise do movimento de dança em interacção com a realidade virtual (EXPL/ART-PER/1238/2021). Anteriormente Marie Sklodowska-Curie Fellowship (Individual Global Fellowship) no MIRALab, Universidade de Geneve, e BioISI, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa. Ao longo da sua carreira, tem sido patrocinado por organismos de prestígio como a Agência Europeia de Investigação ou a Fundação para a Ciência e Tecnologia. A sua investigação centra-se na animação do movimento humano. Isto gerou uma carreira de investigação de percursos paralelos tanto no seio da academia (Universidade de Londres, Universidade de Genebra, Universidade de Lisboa – Faculdade de Ciências e Faculdade de Motricidade Humana) como na indústria, onde foi também co-fundador e CTO da empresa spin-off, AnabiVirtual, dedicada ao desenvolvimento de experiências interactivas envolvendo AR e VR para lugares do património cultural. Anteriormente, completou um doutoramento em Artes e Tecnologias Computacionais na Goldsmiths, Universidade de Londres, na interseção de arte, ciência e tecnologia. Isto foi um resultado de uma prática paralela como artista visual iniciada no início dos anos 90 no Ar.Co, em Lisboa, Portugal. O seu trabalho foi premiado duas vezes no concurso VIDA para arte e inteligência artificial (edições 12 e 13) e aparece em várias publicações tais como o livro Preble’s Artforms, a revista científica ALife, ou Leonardo Electronic Magazine, e em vários catálogos de arte.

Beatriz Cerbino
Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), no curso de graduação em Produção Cultural e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes – PPGCA. É pesquisadora do INCT Proprietas, pesquisadora-colaboradora do TEPe, colaboradora do dança em foco e da Rede Ibero-americana de Videodança – REDIV, e curadora da mostra Redes Confluentes.

Joana Braga

Paulo Caldas
O coreógrafo é graduado em Filosofia, doutor em Educação e professor dos cursos de Dança da Universidade Federal do Ceará. Sua produção envolve espetáculos, instalações e videodanças. Co-organizou livros sobre videodança e dramaturgia da dança e é diretor do dança em foco – Festival Internacional de Vídeo & Dança.

[Intervalo: 15h30 às 16h]

Mesa entreaberta: Arquivos digitais e corpo-arquivo
Local: Biblioteca Pública Estadual do Ceará
16h-17h30: Catarina Canelas, Daniel Tércio, Sérgio Bordalo e Sá, Milena Szafir
Moderação: Thaís Gonçalves

Lepecki falou do corpo-arquivo sobretudo a propósito dos re-enactments de artistas como Martin Nachbar. Introduziu assim uma ideia polêmica e desafiante no campo das teorias do arquivo, uma vez que o corpo se situa, de certo modo, na antítese da estabilidade arquivística. Esta long table será uma oportunidade para discutir esse afastamento convencional e a aproximação recente. Como é que hoje os arquivos convocam os artistas da performance à ação? E como é que os artistas podem actuar no seio dos arquivos, com os seus próprios corpos?

Catarina Canelas INET-md/FMH 
Desde Outubro de 2017, a Catarina é bolseira de investigação do INET-md, pólo da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa,  encontrando-se atualmente a trabalhar no desenvolvimento da Terpsicore, Base de Dados de Dança. Licenciou-se em Política Social (ISCSP-UTL), em Dança (FMH-UL) e é mestra em Política Social (ISCSP-UTL).
catarinaacanelas@gmail.com

Daniel Tércio
Bacharel em Filosofia e Licenciado em Belas Artes, pós-graduado em História da Arte e Doutor em Motricidade Humana, Dança. É Professor Associado aposentado da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa e investigador do INET-md, Instituto de Etnomusicologia – centro de estudos em música e dança. Como membro da direção, coordena a secção do INET-md da Faculdade de Motricidade Humana, liderando o grupo de Estudos da Dança. Publicou mais de 20 artigos em periódicos especializados, como Performance Research (UK) e Repertório (Brasil). É autor de vários capítulos de livros, alguns dos quais em volumes publicados por editoras de prestígio como Peter Lang e SAGE. Como investigador principal coordenou o projecto “Dança Tecnologicamente Expandida” (TEDance) e actualmente coordena dois projectos: “Terpsicore”, um arquivo sobre dança e artes performativas, e o projecto financiado pela FCT “Performance Tecnologicamente Expandida” (TEPe), este em parceria com a Universidade Federal Brasileira do Ceará. Também liderou dois projetos de intercâmbio com Universidades francesas. É autor de dois romances de ficção científica e de vários contos publicados por editoras portuguesas e brasileiras. Como crítico, os seus textos sobre dança aparecem regularmente na imprensa portuguesa desde 2004. Atualmente, os seus interesses vão da estética e história da dança aos estudos culturais, iconografia, tecnologias digitais e estudos da cidade.

Sérgio Bordalo e Sá
É licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa (1998), tem um mestrado em Film Studies pela The University of Iowa (2001) e um doutoramento em Estudos Artísticos – Estudos do Cinema e Audiovisual pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2013). A sua tese de doutoramento intitulou-se: “Triunfos e Contradições da Vontade: Para uma Releitura de Lopes Ribeiro e Leitão de Barros no Contexto do Cinema de Propaganda” (Riefenstahl, Eisenstein e cinema mussoliniano). Depois de terminar o doutoramento, teve uma bolsa de investigação durante um ano para trabalhar num projecto académico do CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia) relacionado com filmes turísticos. Em Junho de 2015, começou a trabalhar no projecto de investigação do INET-md – polo FMH, primeiro como bolseiro e desde Abril de 2019 como investigador auxiliar, onde pesquisa a relação entre a dança e o cinema. Foi igualmente Professor-Adjunto Convidado na Escola Superior de Artes e Design do Instituto Politécnico de Leiria (2014) e na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal (2018/19).

Milena Szafir
Formada em design, arquitetura, urbanismo e cinema pela USP. Professora nos cursos de design, cinema/ audiovisual e na Pós Graduação em Artes da UFCE, onde coordena o Projet’ares Audiovisuais (www.projetares.art.br), desde 2013. É ex-artista transdisciplinar multimidiática (www.manifesto21.tv)

[Intervalo: 17h30 às 18h]

Performance:
Local: Porto Dragão (sala de dança)
18h: Caminhada do vagar – Catarina Canelas (inscrição prévia)

Vagar é o nome que se dá à falta de pressa.

O coração da cidade onde nos encontramos pulsa a um ritmo que geralmente interpretamos como rápido e ao qual reagimos ainda mais rapidamente. E a rapidez torna-se uma espiral e uma adição que nos arrasta e nos treina para arrastar quem nos rodeia.

Será que ainda temos poder e saber para nos desacelerarmos neste contexto? Ou temos de fugir da cidade para o conseguir? Podemos reivindicar o direito a não ter pressa? Ainda sabemos qual é o nosso ritmo? Conhecemos o tamanho e a velocidade do nosso passo original?

Esta proposta convida a caminhar vagarosamente, a marcar o ritmo a partir da respiração, da pulsação, de um cântico inventado, do nada. Esta ação não é um relaxamento, e requer muita energia, intenção e curiosidade.

Como passam as horas quando estamos apenas connosco e achamos que temos todo o tempo do mundo? O que muda em nós? Depois do corpo abrandar, quanto tempo demoram as nossas ideias a desacelerar? E como é que a nossa desacelaração reverbera à nossa volta?

O ritmo da cidade versus o nosso ritmo interior. O ritmo de fora e o ritmo de dentro. Podemos ir ainda mais devagar? E ainda mais devagar? Caminhar lentamente sem nunca parar.

Vagar também significa ensejo, momento propício. A falta de pressa pode abrir o tempo e recriar o espaço, destapando o que está escondido quando passamos a correr.

No seu ensaio minimalista Gravidade Steve Paxton fala-nos da lentidão como oportunidade: “Aprender ou criar ações para serem mais lentas do que a nossa relação normal de pensamento/ação, dá à mente tempo para sair das suas relações habituais e práticas com eventos e experimentar o que antes eram instantes de transição.” (2018:28, minha tradução)

De olhos fechados, sem pressa, com vagar, esta caminhada é um convite à inscrição da nossa cronosfera no coração da cidade.

Bibliografia: Paxton, S. (2018). Gravity. Contredanse Editions

Catarina Canelas INET-md/FMH 
Desde Outubro de 2017, a Catarina é bolseira de investigação do INET-md, pólo da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa,  encontrando-se atualmente a trabalhar no desenvolvimento da Terpsicore, Base de Dados de Dança. Licenciou-se em Política Social (ISCSP-UTL), em Dança (FMH-UL) e é mestra em Política Social (ISCSP-UTL).
catarinaacanelas@gmail.com

Dia 21/05, sábado
Performance: Help me, I am lost 
Local: A ação inicia na região da Ponte Metálica Velha, na Praia de Iracema
9h-10h: Ana Mundim 

A pandemia da COVID-19 gerou uma série de transformações psicofísicas nos indivíduos. Crises de ansiedade, pânico e processos de depressão se fortificaram na sociedade trazendo a saúde mental como centro de discussão. A suspensão da rotina e do uso do espaço urbano por tempo prolongado também causou um senso de desorientação de tempo e espaço que reconfigura a atuação dos corpos em sociedade. Baseando-se nesse contexto, indagamos sobre como é possível nos reorientarmos nos fluxos citadinos por meio de mapeamentos afetivos, que tragam sensação de conforto, alegria ou boas lembranças, para instaurar pontos de referência social. A presente proposta visa disparar processos de comunicação e trajetórias urbanas, a partir da figura de uma performer que se encontra perdida na cidade de Fortaleza. Estar perdida, aqui, tem significados múltiplos que passam por perspectivas históricas, espaciais, emocionais e ontológicas.

Vestida com uma camisa contendo os dizeres “Help me, I’m lost”, a performer abordará transeuntes para solicitar informações sobre espaços de afeto das pessoas no entorno da construção abandonada do aquário na Beira Mar. Informando que está perdida, a performer solicitará que os pedestres lhe informem locais próximos para visitar, a partir de suas referências de acolhimento ou da perda de espaços de acolhimento (pela gentrificação local). Os transeuntes serão estimulados a evocarem histórias, sons, cheiros, sabores, entre outras percepções que despertem esse acolhimento em suas corporalidades. A ideia central é construir um percurso afetivo capaz de encontrar desvios para plantar novos porvires, mais suaves e delicados. Quais lugares de afeto serão sugeridos para este corpo? Quais histórias se colecionam a partir do contato com o espaço urbano? Quais as reações são despertadas no jogo relacional de orientação/desorientação que se tece nas ruas? Como os lugares indicados podem trazer à performer experiências sensórias, geradas pelo mapeamento de afetos e construídos a partir dos diálogos estabelecidos no espaço urbano?

As conduções dos transeuntes delinearão o percurso da performer que, ao navegar pelas coreografias urbanas tecidas ao redor da ação, arquivará palavras, gestos, cheiros, sons, imagens, temperaturas, texturas, que servirão de dispositivos para a produção de gestos e/ou micro-danças em cada um desses locais indicados, que serão oa pontos de referência de nosso mapeamento afetivo.

Ana Mundim
Multiartista. Pós Doutorado (UB). Docente da Graduação em Dança e da Pós Graduação da UFC. Coordena o grupo de pesquisa Dramaturgia do Corpoespaço e o projeto de extensão Temporal. Integra os grupos Data Science for the Digital Society (Universitát Ramon Llul), TEPe – Technologically Expanded Performance (Ulisboa/UFC) e Mulheres da Improvisação.

“Titan Não se Vende”: Encontro com as Fortalezas Sensíveis
Local: Farol do Mucuripe

Seminário Internacional das Artes do PPGArtes| UFC

“Expandir a paisagem, praticar os territórios: encontros e tensões”

17 a 21 de maio de 2020, Fortaleza. Ceará.

Realização: Programa de Pós Graduação em Artes – PPGArtes | UFC

Dia 21 de maio
Intervenção Urbana: Titan Não se Vende – Encontro com as Fortalezas Sensíveis
Local: Farol do Mucuripe
10h-12h

Instigadores: Adriano Morais, Aline Albuquerque, André Aguiar Nogueira,  Bruna Forte,  Bruno Ribeiro|Spote, Deisimer Gorczevski, Franscisco Moura, Harley Almeida, José Araújo, Julia Ribeiro, Katia Lima, Pedro Fernandes, Pepe, Ray Oliveira e Sabrina Araújo.

Organização: Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR, PPGARTES-UFC), Associação de Moradores do Titanzinho, Comissão Titan e Coletivo AudioVisual do Titanzinho.

Que arte é essa que inventamos com o cotidiano, ao resistirmos propositivamente com a cidade sobre a qual pairam tantas ameaças? Sobre o Farol do Mucuripe — patrimônio histórico material e imaterial — pairam ameaças; sobre as famílias e suas casas; sobre as ruas e praias pairam ameaças; sobre a pesca artesanal, sobre os vendedores ambulantes, sobre as árvores (!), praças e parques, sobre o mangue e, sobretudo, sobre os grupos dissidentes; pairam ameaças sobre todos nós, especialmente neste momento em que o Brasil atravessa um intenso retrocesso com ameaças à democracia que tanto lutamos para conquistar.

Atentos à lógica da política governamental, que é a lógica do mercado, que adequa a cidade aos mais ricos, esquecendo as populações que aqui habitam antes de reformar, privatizar, higienizar e derrubar o presente, querendo sempre um futuro, posicionamo-nos ao lado dos que resistem hoje a tantas ameaças. Entendemos que apenas onde moramos é possível intervir, no fluxo dos dias, nas urgências, nas delicadezas como nas lutas. Ocupar a cidade é ocupar a vida, é cuidarmos uns dos outros, educarmos uns aos outros — e a universidade pública deve participar desse processo, inclusive para se fortalecer, pois que a ameaça também paira sobre ela. É preciso operar os conceitos aos quais tanto nos afeiçoamos, é preciso azeitar nossa máquina de guerra! É preciso estar atento, forte e sensível.

O convite envolve o encontro com os olhos do mar | o Farol do Mucuripe, encontro com os moradores do entorno, com a rua Titan, um convite ao caminhar, parar, escutar, conversar e apreciar o mural colaborativo “Titan não se Vende” e o lançamento do canal de vídeos do Coletivo AudioVisual do Titanzinho, contemplar os becos e quem sabe dar um mergulho na praia das Pedrinhas.

Na ocasião estaremos realizando também o lançamento do canal do Coletivo Audiovisual do Titanzinho

Instigadores:

Adriano Morais – artista e pesquisador, mestre em Artes na UFC e participante do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC)

Aline Albuquerque – artista e pesquisadora, mestre em Artes na UFC e participante do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC)

André Aguiar Nogueira – morador do Serviluz, professor e pesquisador no IFCE, pós doutor em História e colaborador na Associação de Moradores do Titanzinho.

Bruna Forte – jornalista, pesquisadora, mestre e doutoranda em comunicação e  participante do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC)

Bruno Ribeiro|Spote – morador do Serviluz,  artista do grafite e da tatuagem, graduando em Artes Visuais, no IFCE, atuando na Associação de Moradores do Titanzinho e no Servilost e participante do Coletivo AudioVisual do Titanzinho, desde 2020.

Deisimer Gorczevski – professora e pesquisadora no Instituto de Cultura e Artes (ICA), atuando no Programa de Pós-Graduação em Artes, na UFC, onde coordena o Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC).

Francisco Moura – artista e pesquisador, graduando em Cinema e AudioVisual na UFC, participante do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC)

Harley Almeida – antropólogo, artista e pesquisador, mestrando em Artes na UFC, participante do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC).

José Araújo (Dudé) – morador do Titanzinho, no Serviluz, idealizador e participante da Comissão Titan e colaborador da Associação de Moradores do Titanzinho.

Julia Ribeiro – artista e pesquisadora, graduanda em Ciências Sociais, na UFC, participante do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC) e colaboradora do Coletivo AudioVisual do Titanzinho.

Katia Lima – moradora do Titanzinho, no Serviluz, idealizadora e participante da Comissão Titan e colaboradora da Associação de Moradores do Titanzinho.

Pedro Fernandes – morador do Serviluz, artista e pesquisador, integra a coordenação da Associação dos Moradores do Titanzinho, atua no Coletivo AudioVisual do Titanzinho e no Servilost.

Pepe – artista e pesquisador, graduando em Arquitetura e Urbanismo na UFC, participante do Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC).

Ray Oliveira – morador do Serviluz, escritor e realizador audiovisual, estudante na Escola Helenita Mota e participante do Coletivo AudioVisual do Titanzinho desde 2019.

Sabrina Araújo – professora e pesquisadora, mestre em Políticas Públicas e Sociedade na UECE e doutoranda em Comunicação, na UFC e participante do Coletivo AudioVisual do Titanzinho.

Organização

Laboratório Artes e Micropolíticas Urbanas (LAMUR|UFC)
https://www.lamur-ufc.com/
https://www.instagram.com/lamur.ufc/

Associação de Moradores do Titanzinho
https://www.instagram.com/associacaotitanzinho/

Comissão Titan
https://www.instagram.com/comissaotitan/

Coletivo AudioVisual do Titanzinho
https://cineclubeserverluz.wordpress.com/
https://www.instagram.com/mostratitanzinho/

[INTERVALO: 12h-14h]

Conferência: “O espaço urbano como cena expandida: lugares, caminhadas e territórios em performance no e com o corpo”
Local: Foyer do Theatro José de Alencar
14h-15h: : Beatriz Cerbino

O espaço urbano como cena expandida: lugares, caminhadas e territórios em performance no e com o corpo.

Esta fala tem como objetivo debater aspectos performáticos das ações construídas e realizadas nas cidades, de um modo geral, e, em particular, Fortaleza e Lisboa. Dois lados do Atlântico tão distintos e ao mesmo tempo próximos que, em conjunto, construíram, e seguem construindo, experiências sensoriais e sensíveis em que sons, cores e cheiros se fazem particularmente presentes. As coreografias e as dramaturgias daí resultantes são elementos chaves para se perceber como as opções políticas e estéticas realizadas se instauram no espaço e na carne em operações de sentido que criam lugares, forjam percepções e experiências de pertencimento.

Beatriz Cerbino
Professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), no curso de graduação em Produção Cultural e no Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes – PPGCA. É pesquisadora do INCT Proprietas, pesquisadora-colaboradora do TEPe, colaboradora do dança em foco e da Rede Ibero-americana de Videodança – REDIV, e curadora da mostra Redes Confluentes.

[INTERVALO: 15h-15h30]

Performance: caminhar sonoro _ CoMo
Local: Jardim do Theatro José de Alencar
15h30-16h30: Thembi Rosa 

Com uma breve partitura para interações entre gestos e sons . caminhar juntos . acoplando-se com os nossos aparelhos celulares . ressoar fluxos . pausas . escutar os sons de pássaros . águas . os pulsos dos encontros . desencontros . uníssonos . andar . mover . chacoalhar os braços . abraços . escutar.

Em uma área delimitada na qual possamos nos ver usaremos o CoMo, Collective Movement, um aplicativo desenvolvido para telefones celulares que capta e grava sons relacionados aos movimentos. Este aplicativo visa criar ações coletivas geradas pelos celulares e pela interatividade entre sons e gestos. CoMo é uma coleção de protótipos de Web Apps, baseado em um ecossistema de software desenvolvido pela equipe do ISMM do IRCAM, em Paris. O aplicativo está disponível online e usaremos para essa interação entre sons e movimentos em um caminhar coletivo.

Thembi Rosa
Artista, produtora e pesquisadora. Doutora em Artes pela EBA/UFMG, mestre em dança pelo PPG-Dança da UFBA e graduada em Letras pela UFMG. Integra o Dança Multiplex e a CasaManga, em Belo Horizonte. Seu trabalho em dança está relacionado à investigação com interfaces digitais e a interação entre movimentos, sons e imagens. Com Margô Assis e convidados desenvolve a intervenção urbana Parquear Bando apresentada em diversas cidades no Brasil, México, Uruguai e Portugal. Atualmente, integra os grupos de pesquisa TEPe, Technologically Expanded Performance, uma parceria entre a Universidade de Lisboa e a UFC e o Grupo de Investigação Performance & Cognição do ICNOVA em Lisboa. Produziu diversas residências artísticas internacionais, Interferencias (2013), Motion Bank Lab Brazil (2019), CCL 7, Choreographic Coding Lab (2016), dentre outras.
https://cargocollective.com/multiplex
http://scores.motionbank.org/brazillab2019/#/
Email: thembirosa@gmail.com

[INTERVALO 16h30-17h]

Encerramento: Conversa de pôr-do-sol
Local: Foyer do Theatro José de Alencar
17h-18h: Conversa de pôr-do-sol

Locais:
Porto Iracema das Artes (auditório, sala de dança e pátio)
Dragão do Mar (auditório e espaços abertos)
Porto Dragão (sala de dança)
Biblioteca Estadual (sala multiuso)